Cap. 274
A trilha indicada por Cedro Vermelho leva à cabana de sua mãe, que os aguardava na porta, como se já soubesse de tudo antes mesmo de acontecer.
— Tragam meu neto para dentro. – a anciã gesticula nervosamente apressando o grupo.
— Não creio que ele deva sair da posição em que está, seria arriscado. – adverte o Dr. William.
— O bote não passa pela porta. — avalia Westwood.
— Não inteiro. – sugere Augustus.
Recebendo olhares aflitos de todos, o delegado explica:
— Vamos retirar as laterais do bote e deixar só a parte do piso em que Cobra está deitado.
Mal termina a frase e todos, até Cedro Vermelho, estão desmontando a embarcação.
Equilibrado em poucas tábuas, Cobra Traiçoeira é colocado na cabana de Noite da Raposa ao lado de uma fogueira que aquece o ambiente enquanto cozinha um tipo de emplastro com cheiro de axila de salamandra.
William passa pela panela e não contém o comentário:
— É com isso que iremos salvar a vida dele?
Os não indígenas arregalam os olhos com a grosseria, até mesmo Augustus, descobrindo como os outros se sentem com suas frases inoportunas.
Noite da Raposa se aproxima do doutor, coloca sua mão no peito dele e pergunta suave e firmemente:
— Eu estou mais preocupada em salvar meu neto do que em ter razão. E o senhor?
Felizmente, Dr. William está em um de seus raros momentos sóbrios e consegue perceber o quanto sua grosseria está comprometendo os cuidados com seu paciente:
— Garanto que estou aqui para colaborar, senhora. Desculpe se pareci arrogante. Me diga, por favor, como posso ajudar.
Obviamente, também influíram na retratação do médico o fato de ter outra pessoa em quem colocar a culpa caso o paciente não sobreviva, o que parece ser mais provável.
Alheia aos motivos, ou apenas relevando tudo, Noite da Raposa retira sua mão e exibe um maço de ervas.
— Vá buscar dois maços iguais, por favor. – solicita a anciã. — E leve meu filho, o padre e o aprendiz de Napi junto. A moça fica.
O grupo sai da cabana e William pergunta: — Alguém sabe onde encontramos essas plantas?
— Tanto faz. – responde Cedro Vermelho, atraindo olhares curiosos. — Ela só quer que a gente saia para não atrapalhar.